Meu Filho não é apenas um bebê. Juro. Suspeito ser ele a doçura, em pessoa! Um sorriso em forma de criança... Talvez um baú pequenino repleto de encantos... Ou até mesmo um raiozinho que escapuliu do sol e veio parar aqui, na minha vida!
Ele não é uma simples pessoa, confesso...É um serzinho sublime, muito pequeno, dependente. Eu acho... Mas dentro dele cabe a maior felicidade do mundo! Temo algum dia eu explodir, de tanto orgulho. Ou morrer, de tanto amor!
(Por Daline Carla)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ser mãe de alérgico é...

Viver uma grande emoção a cada troca de fraldas;
Comemorar cada dia que se passou sem nenhuma reação;
Comemorar "reações leves";
Contar número de vômitos diários, usando os dedos das mãos, dos pés e ainda faltar alguns dedos;
Ir ao mercado e ficar paquerando a prateleira de leites, escolher um tipo para cada fase, ver todas as fases se passarem e você não pôde comprar nenhum deles;
Sonhar com danoninho, biscoitos e bolos que nem se sabe se o alergicozinho vai gostar;
Investigar rótulos de alimentos;
Ligar de SAC em SAC para saber se tal produto é "limpo";
Ter dúzias de informações erradas e continuar ligando mesmo assim;
Escrever um blog falando sobre coco, brotoejas e noites insones;
Achar que o mundo desmoronou cada vez que um alimento novo dá errado,
e, com a mesma intensidade, sentir que nada mais pode dar errado cada vez que algum alimento é introduzido com sucesso;
Conhecer (e ter em casa) uma dúzia de anti-alérgicos;
Suspeitar de tudo e de todos;
Tirar fotos - no mínimo - inusitadas;
Procurar o alimento "culpado" cada vez que o baby tosse;
Adiar a ida à escola o máximo que puder;
Conhecer siglas como APLV, SO, AA, IGE...
Ensinar seu filho a alimentar-se de forma saudável - mesmo que sem querer;
Ter o número de telefone de gastro, pediatra, alergo, imuno, pneumo, homeopata e bombeiros na agenda de seu celular;
Tentar controlar-se o tanto quanto puder para não ligar para nenhum deles;
Não resistir e ligar sim - para desespero dos pobres médicos;
Encontrar centenas de opiniões erradas;
Descobrir que você sabe mais sobre a saúde de seu filho do que a maioria dos profissionais a quem recorre;
Encontrar algumas opiniões certas e apegar-se à elas;
Aprender a confiar em seu instinto de mãe;
Investir em dieta, dieta rigorosa, dieta radical para apressar a cura;
Afrouxar na dieta e fingir que não viu para apressar a cura;
Aprender a aceitar - e as vezes pedir doações;
Conviver com a frustração de não poder bancar a comida do seu filho;
Conhecer outras crianças com o mesmo problema, conhecer crianças com problemas piores, fazer amizades com mães desconhecidas, encontrar abrigo e amparo em mensagens virtuais, solidarizar-se e acompanhar casos de outras crianças e torcer por elas como se fossem seus filhos também;
Acompanhar cada progresso com entusiasmo;
Chorar de emoção ao perceber que seu filho quase não vomita mais;
Comemorar cada introdução alimentar bem sucedida;
Comemorar cada retirada de medicamentos bem sucedida;
Saber enumerar, de cabeça, muitas vezes até contar nos dedos (dessa vez só os das mãos...) cada alimento que seu filho pode comer - e morrer de orgulho de cada um deles;
Fazer uma festa quando o baby (que já nem é tão baby assim) dormir uma noite inteira pela primeira vez;
Decretar feriado nacional quando ele dormir bem por uma semana inteira;
Convocar a rainha da Inglaterra para a festa quando atinge o brilhante marco de 1 mês seguido de noites bem dormidas;
Perder a esperança novamente, mas lembrar-se de que não pode desistir;
Perder a vontade de desistir;
Seguir em frente sempre;
Saber que a recompensa por tudo isso jamais poderia ser melhor: garantir o bem estar dessa pessoinha que, com alergia ou sem alergia, com diarreia ou constipação, pele boa ou empolada, vomitando ou cheirosinho, pedindo a comida proibida do coleguinha ou em greve de fome, chorando a noite toda ou dormindo a noite toda por conta da sedação do antialérgico...é seu filho querido, o melhor que você poderia ter, o mais amado dentre todos os filhos do mundo, um serzinho tão especial que te deu o privilégio de ser mãe. Ser mãe de alérgico. Mas não de qualquer alérgico...

Orgulho de ser mãe do MEU alérgico! Orgulho de lutar por ele até o fim, mesmo quando minha sanidade é colocada em questão.

É assim que sou.

E, afinal, me digam: sou muito diferente desta espécie surtada, neurótica, obsecada, louca de amor e incrivelmente encantadora conhecida como "MÃE"?

PS: boto uma fotinha de mamãe e Caio assim que eu fizer um escova decente e dar um trato no visu... sabe como é... o feijão acabou comigo. Tudo culpa do feijão.

11 comentários:

  1. q delicia de leitura...
    Concerteza vc naum se difere das demais mamães com nossas neuras, acertos e erros, é isso mesmo, afinal ser mãe é padecer no paraíso.

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  2. Genteeeeeeeeeeeeeee essa mulher escreve muito bem...
    É incrível como não cansamos de ler o que vc escreve Dali, parabéns....

    Somos mães, todas iguais com suas neuras, e alegrias por coisas que parecem ser bobas para as outras pessoas... ( então vc não é nada diferente rs)...

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  3. Amei Dali sensacional... quase chorei....

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  4. Ai amiga, ser mãe de alérgico é tudo isso e mais um pouco, né? Ser tia virtual de alérgico então é de enlouquecer! kkkkk Porque a gente está longe e não pode sacudir a mãe para ela acordar! kkk Mas é isso ai, cada dia de uma vez, uma decepção, uma vitória, a vontade de chutar o balde! fazer o que? Somos super mães, mas somos humanas e tb temos de vez em quando a vontade de desistir! Mas Caio tem a melhor mãe que ele poderia conseguir, pois não existe amor maior no mundo do que o nosso, que além de ser mãe, é investigadora de internet..... kkkk E que o google e as redes sociais continuem ajudando a diagnosticar nossos filhos! Te adoro! beijos

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  5. Perfeito amiga! Você disse tudo e mais um pouco... me vi na maioria das suas palavras! :)
    Um dia tudo isso irá passar... e juntas vamos soltar foguetes e gritar como loucas!!! rsrsrsrrss

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  6. Ain amiga que vc escreve muito bem não é novidade pra ninguém...

    Mas dessa vez vc escreveu tudo que somente nós mães de alérgicos entendemos.

    É bem isso mesmo,pra quem não convive com essa "condição" não entende a complexidade dela.

    A importância de cada avanço e o tamanho da frustração de cada retrocesso!

    Acredito sim que todas nós desta espécie chamada "MÃE" sabemos muito bem de tudo isso..

    Porém nós mães de AA vivemos isso com mais intensidade acredito eu...

    As vezes sofremos mais,nossos filhos também..
    Porém ficamos felizes e sonhamos com algumas coisitchas que para outras famílias passam despercebidas..

    Amiga mas o bom de tudo isso é que não estamos sozinhas e mesmo a distância sabemos que podemos contar com nossas amigas sejam elas virtuais ou não,e mesmo a distância estamos juntas!!!

    Bjus!

    Pra vc amiga e para meu sobrinho batera

    Caiozito lindoooooooooo!

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  7. Lindo texto, Daly! Você realmente escreve muito bem, e conseguiu me emocionar de um jeito... Mas não se preocupe, mãe é tudo igual, às vezes mudam as preocupações, as neuras, mas mesmo assim elas estão sempre presentes.
    Beijos pra vc e pro "nosso" baterista lindo!!!

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  8. Como sempre o texto está lindo! Olha, como já falado...mãe é tudo igual...suas neuras e preocupações são todas nossas!
    Beijos para vocês!

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  9. Menina, que texto lindo é esse??? Nossaaaaaaaa!!!! To chorando aqui (ta, admito, eu to mole... rs...). Muito perfeito!!!
    Vc nos descreveu com perfeição, amiga!!!
    Vc nem faz ideia do quanto eu te admiro... Por tudo que vc já sabe e agora mais por ser uma escritora de tanto talento!!! hehehe...
    Tenho muito orgulho de ser sua amiga!!
    Beijos em vc e no Caio!!

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  10. Chorei muito lendo suas palavras,e qnd alguém oferece iogurte p uma criança alérgica e vc sempre c mil olhos pula na mão da pessoa e diz:'ñ, pelo amor de Deus,ele ñ pode comer pq tem alergia ao leite' e a pessoa ainda torce a cara como quem diz:'eu hein,q frescura'.O meu menino vomita,fica desarranjado e empolado,o seu agora parece estar melhor e isso é muito maravilhoso!

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  11. Texto inspirador, ainda mais para as pessoas saberem nossa luta. Copiei o texto para expressar para familiares o que realmente é ter um filho alergico.

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